A história dos Evangelhos de Jesus Cristo, na perspetiva da interpretação, pode ser comparada a uma coleção de tesouros acumulados ao longo de 2000 anos num cofre com dois cadeados. Para ter acesso a esse tesouro, temos de começar por abrir o cofre e, para o abrir, são precisas duas chaves. Uma chave é a crença de que Jesus era verdadeiramente homem, com todos os atributos duma pessoa de carne e osso. Porém, também precisamos de uma segunda chave – a crença de que Jesus era Deus encarnado. Sem esta chave, o cofre não poderá ser aberto, e os tesouros não reluzirão com o seu brilho original: a imagem dos Evangelhos de Cristo não chegará ao leitor com toda a sua resplandecente beleza.

Na nossa investigação serão utilizadas ambas as chaves. Desembrulharemos e examinaremos cada um dos tesouros contidos no cofre, juntamente com o leitor.

[…] Nas narrativas dos Evangelhos e noutras fontes que utilizaremos na nossa investigação, procuraremos, em primeiro lugar, o que se relaciona diretamente com a sua Pessoa, a sua personalidade, a sua biografia e os seus ensinamentos. […] Em última análise, gostaríamos de responder à questão fundamental de saber o que Jesus trouxe às pessoas, e porque é que elas precisam d’Ele hoje. Já se passaram 2000 anos desde que Ele viveu e ensinou: porque é que a sua imagem e os seus ensinamentos continuam a ser tão revelantes como dantes? O que é que Jesus pode dar às pessoas que vivem no século XXI, com todos os seus desafios, complicações, problemas e tragédias?

«Este é um trabalho muito importante no qual o bispo, monge e estudioso que é o Metropolita Hilarion Alfeyev toca no coração do Cristianismo, apresentando-nos não só a profundidade espiritual mas também a realidade histórica da figura de Jesus Cristo. Espero sinceramente que os cristãos ortodoxos, bem como os cristãos do mundo ocidental, se deixem tocar por este testemunho e assim encontrem Cristo num mundo que está cada vez mais afastado de Deus.»
(Bento XVI)